A equipe do blog Cangaço Groove foi até o Pátio de São Pedro, na noite deste domingo, 24/06, dia de São João, conferir o encontro de Côco de Recife, evento que reuniu em um só lugar vários grupos das mais diferentes localidades. Nesse texto que mistura o impessoal com o pessoal, o intuito é de eternizar o momento, e mostrar como é um pouquinho estar lá.
Depois de um esforçosinho, devido a chuva e a demora do coletivo, cheguei por lá com o côco já rolando há algum tempo, já tinha bastante gente por lá, galera que chegou mais cedo pra curtir, Dona Selma do Côco e a Ciranda Dengoza. O encontro começou ao som do grupo Palha de Côco, com uma estrutura bacana com tenda e piso de madeira, começou a esquentar, coisa linda, uma galera fazendo passo igual, aquela coisa, que só o côco consegue promover, o reencontro de velhos amigos, a mistura de gente dos mais variados estilos, todos movidos por uma só vontade, dançar e se divertir. Uma tradição muito mais que centenária aqui em Pernambuco, pergunte ai à seus pais, seus avós, se eles não já dançaram côco algum dia. A galera do Palha de Côco terminou com um pout-porri porreta, que deixou todo mundo ligadão e com as pernas no modo automático, o chão tremia mais que tudo, muito, muito, muito massa. No mesmo embalo o Côco dos Pretos, chegou botando pra quebrar, numa instigada massa, além do côco a galera traz uma mensagem com a temática da consciência negra, que é arretada, confere ai no vídeo, a vibe foi essa, só que com mais gente sambando :
Depois chegou o côco Chinelo de Iaia, preservando a tradição de Mãe Vandinha, com a voz linda da vocalista Nete, simpatia pura e até desceu pra cantar no meio da roda junto com todo mundo,
pense numa energia positiva, a mistura dos refrões bem chiclete a voz e a simpatia dela, o côco conquistou todo mundo que estava presente, envolvendo todos na dança, infelizmente a apresentação foi um pouquinho curta, mas deu pra conhecer todas as músicas autorais deles, que além de tudo desenvolvem um projeto social lá em Dois Unidos no ponto de cultura, Galpão Vira, quem mora por lá fica ligado, que sempre tá rolando apresentações culturais por lá, além de oficinas.
Saca ai no vídeo, como é lindo esse côco e de quebra sinta ai um poquinho de como era a vibe da Festa da Lavadeira na praia Paiva :
E quem fechou a noite com chave de ouro, foi o grupo Besouro Mangagá, com muitos integrantes e vários elementos percussivos no palco, não deixou ninguém ficar parado, a alegria fez a festa, na roda tinha gente de todas as idades, até uma senhora, com seus 80 anos marcando o passo, cena essa que me emocionou bastante, o sorriso daquela senhora dançando, eu nunca vou esquecer, além dela tinham várias crianças aprendendo a dançar com a galera, com certeza foi uma das melhores apresentações que já presenciei, dá uma olhada no vídeo da apresentação deles lá no Ibura:
Mas uma vez fez se uma festa linda, e mais importante é ver que a tradição tá sendo resgatada, pois vários desses grupos, são novos, tem menos de dez anos, e cada vez cresce mais o número de sambadas principalmente na região metropolitana só pra citar assim por alto tem a sambada da Laia - Camaragibe, o Boi da Mata - Bairro do UR-7 - Recife , Côco da Lua - Olinda, o Côco de Pontezinha - Cabo , Côco de Dona Olga - Paulista, Côco do Pneu - Olinda e muitos outros, estima-se que existam mais de 200 grupos de côco em pernambuco, apenas o poder público que não enxerga isso, o côco foi praticamente excluído da grade da Programação do São João, um absurdo, já que é nessa época que o ritmo é mais tradicional, por ser uma festa em homenagem aos santos dos festejos juninos, enquanto o governo e as secretarias de cultura pagam um cachê estrondoso com o dinheiro público, a essas bandas comerciais que ganham o dinheiro o ano todo e nem se quer tem a coragem de colocar artistas populares e valorizá-los porque são eles que formam a nossa identidade, de povo pernambucano, com aquele velho desculpa né?!de juntar massa, já que é ano de eleição, acham que o povo só gosta disso,mas não dão ao povo outra opção, como já diria Ariano Suassuna "Dizem que cachorro gosta de osso, mas só dão osso ao cachorro, ofereça a ele um pedaço de bife e um osso e veja qual é o que ele escolhe", o povo tem que abrir os olhos e cobrar, afinal o dinheiro é nosso, vamos preservar nossa identidade, que ela é o nosso atrativo, o nosso diferencial.
Fotos: Felipe Mendes / Leia Já
Por: Vitor Lima.
Nenhum comentário:
Postar um comentário