quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Crônica : Luiz Gonzaga


Um dia acordei com minha mãe gritando pela casa. Ela dizia ter ganhado uma viagem com acompanhante do trabalho e queria que eu fosse com ela. Somos de São Paulo, a capital e minha mãe quase nunca tem tempo para viagens, muito menos para viajar comigo. Resolvi aceitar, mas esqueci de perguntar para aonde iríamos.

Fiz minhas malas no mesmo dia, pois pegaríamos o vôo já no dia seguinte. Minha mãe não colocou roupas de frio na mala, assim como eu estava fazendo. Estranhei. Que lugar não faria frio? Só então perguntei a incógnita que merecia aquela animação toda.

Quando chegamos ao Aeroporto do Guararapes, já cansadas, minha mãe disse que a viagem não acabaria por ali, tínhamos que pegar um carro e percorrer umas quatro horas para chegar ao tão sonhado destino. De boa, não sabia o motivo de tanta animação. Eu preferiria outro lugar à Caruaru.

A cidade não era tão pequena como eu imaginei, deveria ter acreditado nas palavras dela, tinha até shopping. Não me sentiria mal por lá. Passamos por tal de “pátio do forró”, que tinha uma estátua de um carinha engraçado, com uma sanfona na mão (É, acho que era mesmo uma sanfona). Minha mãe falou que ele compôs a música da Asa Branca, a mesma que a gente aprende no fundamental do colégio, a tal da terra ardendo. Fiquei imaginando a importância daquele carinha. Um velho, já cego, de voz diferente, que cantava o cotidiano difícil daquela gente, e que pelo jeito foi famoso, porque aqui no sudeste, todo mundo sabe que o nome dele é Luiz.

Maria Eduarda Nascimento

Um comentário:

  1. Curti!!
    De certa maneira é engraçado e introspectivo.
    Adoro ler conto baseados em fluxos de pensamento, tanto em primeira quanto em terceira pessoa.

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