sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Entrevista: Cannibal Santos, do Devotos.


O que você espera da devotos futuramente ?

Agente tem uns projetos já prontos, novos pra fazer. Tem o jardim periférico que é um projeto dentro do devotos que, a onda é a gente ir nas periferias e falar como a banda alternativa pode mudar o quadro social dentro da comunidade, falamos também de rádio comunitária que trabalhamos diretamente ,tem o próximo disco que a gente já ta fazendo as pré gravações que é pra rolar esse ano ainda e o último agora que saiu foi outro vinil que eu achei legal pra caramba, pra essa rapaziada nova que não conhece o devotos, vai conhecer musicalmente porque é música de fita demo da época ,músicas do primeiro ensaio da devotos que a gente não tinha colocado ainda em nenhum cd,tem umas que tem no cd mas a grande maioria mesmo não tem em nenhum cd e o melhor de tudo são músicas originais das fitas. É um material muito legal, que a rapaziada vai ver a mudança sonora da devotos, do começo até agora que, antes a gente tinha uma influência muito grande das bandas que a gente gostava. E depois é que vamos ganhando uma identidade, é muito bom pra quem ainda não conhece a devotos .

Em dois mil e onze, segundo o diário de Pernambuco foram lançados mais de cento e setenta álbuns pernambucanos e a galera na rede tá chamando isso de “tisumangue, eu queria saber se você já escutou algum desses álbuns e se curtiu?

Cara,o que eu escutei em estúdio foi o disco do mombojó que eu fiz uma participação lá em São Paulo com eles e escutei lá,ta muito do caralho, ta muito bom ,eles fizeram uma gravação bem diferente que uma banda pop faz porque, a gravação que eles fizeram era de todo mundo tocando como se estivesse ensaiando e as bandas punks sempre fizeram isso desde do movimento mangue e depois foi que começaram a tratar mais a qualidade do som e a gravar separado como todo mundo grava e eles fizeram diferente mas, o mombojó gravou o disco deles bem punk, bem cru, todo mundo tocando junto , o disco vai ficar numa sonoridade muito pesada pra o som do mombojó ,muito pesado pra qualidade do som deles .Eu acho que a galera vai curtir, escutei e curti muito. O outro foi o de Lirinha ,o primeiro disco de Lirinha, achei bom pra caramba ,muito legal . E siba, nossa! Siba, me surpreendeu foi uma surpresa pra mim e eu adoro surpresas, principalmente quando é uma surpresa boa e Siba conseguiu fazer isso .Assim é a muticulturalidade dos artistas pernambucanos , que a gente não consegue bitolar um ritmo ,não consegue escutar só um tipo de som ,que as vezes queremos trazer pra nossas músicas e não tem preconceito que dê jeito , conseguimos colocar na música e fazer legal .Quando é verdadeiro sempre sai legal!

E ultimamente o que é que você tá escutando ?

Cara ,eu estou escutando muito Dezarie , estou escutando Trindade Dub que é uma banda daqui de Recife, muito boa ,tem uma rapaziada de São Paulo é Samba Tour, uma galera que ta dentro do reggae fazendo uma coisa bem legal , se a galera quiser ouvir samba tour,é muito bom . O Criolo, eu já estava escutando já desde do ano passado, foi quando a gente se encontrou no rock gol ,ele me deu o vinil, quando eu cheguei em casa escutei, pirei velho ,som do caramba muito bom e é isso. (risos)

E a ONG Alto Falante como é que tá, eu ouvi boatos que tá pra rolar uma TV comunitária, como é? (risos)

(risos) Tá todo mundo nessa vibe, tem uma rapaziada legal trabalhando com a gente lá na rádio, que trabalha muito com TV comunitária é bem instigado, a rapaziada da federal ta com essa de fazer a TV comunitária, a gente já fez até um começo fizemos umas coisas que rolou até legal, não ta fixo ainda .A ONG alto falante, trabalha em cima da rádio,antigamente a gente tinha mais projetos e tal e fazíamos tudo na rua mas ficou difícil e como a gente não tem sede a gente meio que focou só na rádio. Então, hoje em dia a menina dos olhos da ONG é a rádio alto falante que é montar a rádio em outros cantos como a ONG já fez na Ilha de deus, na comunidade do pilar na muribeca ,bomba do hemetério e é legal que o que a gente faz na verdade é uma difusora é aquela história de colocar caixinhas de som nos postes puxar os fios pra uma casa e colocar os equipamentos e daí ser transmitida as músicas,por que é muito difícil conseguir a aprovação da Anatel pra ter uma rádio comunitária mas como a gente não queria ficar parado resolvemos fazer uma difusora que ta funcionando até hoje e a gente fica dando a pilha na galera também que tão a fim de fazer comunicação ,através da rádio e não ficar esperando da anatel que nunca Vai ter . É mais fácil políticos e igrejas conseguirem do que a galera que tá realmente interessada a passar informação, passar o que deve saber dos seus deveres e direitos através da rádio é muito difícil.

Eu tive a oportunidade de ler o livro “devotos 20 anos” que fala também da auto falante, eu queria saber: o que você achou do livro?

Eu achei legal, o Hugo Montarroyos ele é um cara, assim, o livro foi escrito por um fã mas ele fez uma coisa a mais ele foi no alto passou um tempo lá em cima e meio que não mapeou o livro ,não fez a história dele como a maioria dos escritores quando vai relatar um fato e ele deixou a gente falar ele colocou o que nós falamos ,você pode ver que tem muita gíria ,palavras erradas ,tem muita coisa dentro do livro que quando você ta lendo parece que tá no alto José do Pinho ,você começa a ler e faz : porra,parece que eu to conversando com os cara . (risos) Então isso foi a parada mais legal que eu vi no livro apesar de que nunca dá pra você contar tudo ,uma história de vinte e três anos no livro mas a maioria do que tá ali eu gostei pra caramba e pra galera que quer conhecer mais o Alto José do Pinho foi até legal por que eu mando ler o livro por que nunca dá pra lembrar de tudo e o livro tá bem legal tem um roteiro muito legal de como é a história do Alto José do Pinho .

Falando do Alto José do Pinho, o Recife em geral qual é o lugar que você gosta de reunir a galera,de beber (risos) ?

Cara,eu sou muito eclético até nos lugares ,eu não tenho lugar fixo de ali é legal eu sempre estou nos lugares que eu gosto . As vezes estou no Pátio de São Pedro,as vezes eu venho pra cá pra livraria , pra rua da moeda ,torre malakoff .Tem muitos points legais aqui em Recife até pro parque Dona Lindú as vezes eu vou que é distante pra caramba da minha casa mas as vezes eu vou quando tem uma coisa que eu to a fim de ver e tal,então assim o legal de recife é que tem vários lugares pra você se reunir ,agora se tu perguntar assim o que tu deixa de fazer pra ir pra tal lugar? É jogar bola (risos) eu tenho futebol terça e sábado que pode ter ensaio menos show que eu digo: pode deixar pra amanhã por que hoje eu tenho pelada.

E jogo do Santa também né ? (risos)

Ah jogo do santinha,é sagrado tipo igreja eu deixo tudo pra ir pro jogo do santinha . É essas coisas assim que me faz deixar qualquer parada : é pelada e o jogo do santinha.Sempre que tem eu to lá,não marco nada naquele dia . (risos)

Como desde pequena eu escuto devotos por influência do meu pai,eu sempre ouvi ele falar que achou do caramba quando você em um certo programa da tv cultura disse :você pode mudar sua atitude mas não pode mudar seu caráter.

É por que quando agente tirou o ódio do nome devotos do ódio,as pessoas ficaram meio sem entender ,foi muito radical pra devotos a imprensa e os fãs,meteram o pau dizendo que agente tinha sido vendido ,que tinha virado pop e foda que no mesmo ano que tiramos o nome foi quando a gente tinha gravado com Dado Vila Lobos ,que é o guitarrista do legião e um ano antes eu tinha encontrado com o Dado no rock gol e ele disse que estava montando um estúdio e como tínhamos saído da BMG , aí ele falou: velho,quer gravar o próximo cd comigo?. Daí ficou na minha cabeça aquilo e eu conversei com os meninos ,quando o estúdio ficou pronto ele ligou pra gente e disse que o estúdio estava pronto . Fomos pro Rio passamos um mês lá e gravamos o disco,lógico que o disco iria sair meio a cara dele por que ele era o produtor da história então o disco não saiu pesado como a gente queria e como é o som do devotos ainda mais a gente tinha tirado o ódio , aí fudeu ,todo mundo pensou que a gente tinha se vendido ,que a banda iria virar pop e na verdade não era ,o som da gente estava cada vez mais pesado a gente só não tinha conseguido passar pra o cd tanto que o anterior a ele foi super pesado , foi o : hora da batalha. E nas entrevistas a gente sempre falava que as pessoas ligavam muito para Então,eu sempre dizia isso que :você pode mudar seu nome,pode mudar tudo mas você não pode mudar seu caráter ,não tem como você mudar é uma coisa que nasceu com você tá dentro de você e a Devotos tem uma característica ,tem uma identidade não tem como a gente tirar isso e fazer diferente pode fazer em outras bandas,outros grupos mas dentro da devotos não dá pra fazer isso , devotos já passou por muita coisa ,passamos por muitos modismos são vinte e três anos , passamos por mangue beat a gente sempre foi envolvido dentro do conceito do mangue beat mas a gente nunca usou um tambor ,nunca usou um ritmo diferente do punk rock ,hardcore , a não ser o reggae que uma coisa super politizada mas colocar tambor ,ritmos percussivos de dentro desse conceito do mangue beat na devotos a gente nunca colocou , uma coisa por que ia ser de muito oportunismo por que a gente sempre teve o maracatu ,caboclinhos ,sempre teve as escolas de samba lá dentro do alto José do pinho perto da gente e nunca nos influenciamos para colocar por que a gente ia colocar depois do mangue beat ,então não tinha uma lógica de fazer isso . E pra resumir isso era sempre: você pode mudar seu nome, mas não pode mudar seu caráter e a devotos sempre vai ser uma banda de punk rock.

E qual é a mensagem que você deixa para aquela galera que tá começando agora com banda?

Cara,é cada vez mais é ser verdadeiro com seu som ,ser verdadeiro com o que você quer fazer o mas difícil de uma banda é achar as pessoas certas pra você formar a banda pessoas que tenham a mesma cabeça sua que, faça mesmas coisas que você ta a fim ,todo mundo pensa que quando formar uma banda já vai fazer altos shows, ganhar muito dinheiro na verdade, é fazer você mesmo seu show ,fazer seus próprios eventos ,fazer sua música e sua mídia . Hoje em dia, tem toda tecnologia pra você fazer isso, na nossa época não tinha, então era super difícil . O mais difícil que eu vejo de você formar uma banda é achar as pessoas certas, basicamente é isso se você conseguir achar as pessoas certas, dividir responsabilidades a banda vai longe.

Entevista : Bruna Menezes

Perguntas: Bruna Menezes e Vitor Lima

Fotos: Júlia Marcely

Entrevistado : Cannibal Santos

Um comentário:

  1. Matéria tá massa, Bruna deu show ai na entrevista conheçam agora o Lado B da Devotos :

    http://www.myspace.com/oficibu

    http://www.myspace.com/nanicapapaya

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