sexta-feira, 27 de julho de 2012

Discípulo de Vitalino


“São do meu jeito”, assim que define o seu trabalho feito através de mãos delicadas e elaborado a partir de habilidades mentais. São por essas mãos que saem imagens trazidas pela memória do tempo em que convivia com os amigos Zé Caboclo e Vitalino, um tempo em que apreciava o canto dos violeiros, as poesias de cordel e brincava de reisado.

  Nascido em 28 de janeiro de 1931, nascido no Alto do Moura, em Caruaru, Manuel Eudócio Rodrigues, que desde de criança necessitava trabalhar, ajudando o pai na agricultura. A partir dos nove anos de idade, fazia brinquedos imitando os da avó materna, que era quem botava pra queimar suas mines esculturas. E foi na feira de caruaru, que conheceu o mestre Vitalino em 1948 com 17 anos de idade, quando viu os bonecos do mestre, inspirou-se e chegou em casa cheios de Ideias. Fez quinze bonecos do seu jeito, inspirados na rotina da feira, sua vó queimou, ele preparou as tintas e pintou-os com o dedo.
  No meio da feira, ficou perto do banco de Vitalino, chegou um “doutor” do Rio de janeiro, comprou cinco pecinhas por 75 mil réis e ainda pediu para o mestre Vitalino orientar bem o aluno Eudócio. A partir daí ele passou a se dedicar exclusivamente as esculturas conhecidas em todo o Brasil como “o boneco de Vitalino” e se dedicava a agricultura somente no inverno, além de fazer arte e ser agricultor, precisava de ambos para sustentar 13 pessoas em casa, para dar estudo aos filhos.
 É através dessas mãos, que eu falei no começo da redação, desde década de 40, Manuel vem descrevendo o que tem vivido todos esses anos no Alto do Moura: Festejos, experiências como batizado, enterros e casamentos. Às vezes, chegamos a pensar que todos os bonecos de barro são iguais, mas eles são diferentes, pois cada mão inscreve com o seu traço e detalhe próprio é como Manuel disse sobre a arte: “é como quem escreve o nome”.

Fonte: Revista continente de Julho/2008

 Bruna Menezes

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